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Cuidados com a pele das crianças no verão

Por: - Dermatologista Pediátrica - CRM/SC 10414 | RQE 5948 | RQE 21133
Publicado em 22/12/2017 - Atualizado 07/02/2019

Com a chegada do calor, os cuidados com a pele das crianças no verão precisam de atenção. Nesta época, as crianças voltam a usar roupas leves e curtas, e a pele fica mais exposta ao ambiente. No verão, a radiação solar fica mais quente e voltamos a nos preocupar com o uso do protetor solar. As estações quentes também propiciam nosso contato com os insetos e precisamos nos proteger deles.

Proteção solar na infância: é um dos cuidados com a pele das crianças no verão que deve ser levado para a vida

Segundo o Consenso de Fotoproteção da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), ninguém deve se expor ao sol sem proteção solar, mesmo nos horários recomendados (antes das 10h e após as 16h) ou em dias nublados. O uso do filtro solar, roupas, chapéus e outros acessórios que nos protegem da radiação solar deve ser um hábito diário em qualquer idade. A exceção são os bebês com até seis meses de vida.

Em crianças com menos de seis meses não é indicado passar protetor solar. Nessa fase da vida, é preciso recorrer a outras formas de proteção. Barreiras físicas (guarda-sol, roupas, preferencialmente brancas, e chapéu) que impeçam os raios de sol de incidirem sobre a pele do bebê costumam funcionar bem nessa situação.

Depois dos seis meses já é permitido utilizar o filtro solar. O certo é aplicar um produto que seja adequado à faixa etária, assim, reduz-se a chance de ocorrer alguma irritação na pele devido aos componentes da fórmula.

O fator de proteção solar (FPS) não deve ser menor que 30, e proteger dos raios UVA e UVB. Mesmo que a criança esteja usando o filtro, a produção de vitamina D não será prejudicada. Já se sabe que manter apenas as mãos e o rosto em contato com o sol, três dias na semana, por 15 minutos cada dia, é o suficiente para que o organismo produza a vitamina D de que necessita. Assim, os pais não precisam se preocupar em tirar a roupa do bebê e colocá-lo para tomar sol todos os dias. Só têm de levar a criança para passear ou brincar ao ar livre algumas vezes por semana. Isso faz bem não só para o organismo, mas também para o desenvolvimento integral da criança.

O protetor solar deve ser aplicado 30 minutos antes de ocorrer a exposição ao sol. Também lembre de:

  • aplicar o protetor solar com generosidade. A quantidade precisa ser a suficiente para cobrir toda a pele.
  • Reaplicar o filtro solar a cada duas horas.
  • Passar novamente o protetor solar sempre que a criança suar muito ou entrar na água, mesmo que conste no rótulo que o produto é à prova d’água.

As roupas e bonés feitas de tecido com filtro solar são mais um aliado, já que barram os raios ultravioletas.

A incidência direta dos raios solares pode ser barrada por um guarda-sol. Mas, mesmo que a criança aceite permanecer na sombra deste, não dá para dispensar o uso do protetor solar porque parte da irradiação vem do chão, afetando a pele.

Quanto mais clara é a pele, mais cuidados exige. O sol que pegamos na infância corresponde a 80% do sol de toda a nossa vida. Habituar as crianças a usar o protetor solar diariamente contribui para que tenham uma vida mais saudável, já que a utilização do produto é uma forma de prevenir o câncer de pele e o envelhecimento precoce do órgão, além de evitar queimaduras causadas pelo sol.

O uso do repelente para as crianças

Bebês com até 6 meses de vida não podem usar repelentes na pele. O uso de repelentes só está indicado a partir dos 6 meses, até lá, os pais podem investir em prevenção. Algumas recomendações de como proteger o bebê dos mosquitos são:

  • usar mosquiteiros com poros que contenham, no máximo, 1,5 milímetros (alguns já contêm até inseticida);
  • colocar telas de proteção em portas e janelas (algumas também já contêm inseticida);
  • manter ambientes fechados bem refrigerados no verão;
  • manter as portas e janelas que não possuam tela de proteção fechadas no fim da tarde (hora em que os mosquitos costumam entrar nas residências);
  • vestir o bebê com roupas claras (as coloridas atraem a atenção dos mosquitos);
  • usar repelentes elétricos, prestando atenção à forma correta de usá-los: ligá-los quando o bebê não estiver no quarto, em uma tomada que seja longe do berço ou da cama e próxima da porta, que deve permanecer aberta.

Os princípios ativos dos repelentes recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) são:

  • Icaridina: com duração de proteção de até 10 horas, pode ser usado por crianças a partir de 6 meses.
  • DEET: repelentes a base de dietiltoluamida não devem ser utilizados em crianças menores de 2 anos. Para crianças entre 2 e 12 anos, a concentração do princípio ativo deve ser de, no máximo, 10% e o número de aplicações não deve ser maior do que três vezes por dia. Dura apenas duas horas.
  • IR 3535 30%: o uso do composto é permitido pela Anvisa para crianças acima de 6 meses. O período de proteção é de até 4 horas.

Existem ainda os repelentes naturais, no entanto, como são altamente voláteis e seu efeito costuma ser de curta duração, não garantem proteção adequada ao Aedes aegypti, devendo ser evitados.

Dicas para aplicar os repelentes

  • Procure vestir roupas brancas nas crianças, pois roupas coloridas atraem os insetos, assim como perfumes.
  • Não se deve utilizar produtos combinados com filtros solares. O filtro solar costuma ser reaplicado com uma frequência maior e os repelentes não devem ser aplicados mais do que três vezes ao dia em crianças.
  • O suor atrai os insetos.
  • Não durma com repelente no corpo.
  • Mantenha os repelentes fora do alcance de crianças e não permita sua autoaplicação.
  • Evite o uso próximo a mucosas (boca, nariz, olhos, genitais), na pele irritada ou ferida.
  • Evite aplicação nas mãos das crianças e por baixo das roupas. Sempre lave as mãos após aplicar o produto.
  • Use quantidade suficiente para recobrir a pele exposta e evite reaplicações frequentes.

Cuide o ano inteiro da pele do seu filho

A pele é o maior órgão do nosso corpo e nos protege de todas as agressões do meio externo. Alguns cuidados com a pele das crianças no verão, ao serem adotados no dia a dia, podem ajudar a manter a pele dos nossos pequenos sempre saudável, durante todas as estações.

O banho da criança deve ser sempre rápido (10 a 15 minutos), morno e com pouco sabonete. Procure usar os que são neutros ou glicerinados, de linhas infantis hipoalergênicas.

Vista sempre roupas de algodão nas crianças. Os tecidos sintéticos que não deixam a pele transpirar.

Não agasalhe seu filho em excesso, mesmo no inverno. Mantenha o quarto aquecido e diminua a quantidade de roupas para dormir, assim as crianças dormem melhor.

Não use amaciante para lavar as roupas das crianças. O amaciante pode provocar alergias respiratórias e na pele.

Caso a criança tenha uma pele mais ressecada, hidrate sempre após o banho. Procure usar hidratantes dermatológicos adequados para cada idade e tipo de pele.

Nossa alimentação também reflete na saúde da pele. Ofereça alimentos que sejam o mais natural possível. Evite os industrializados, que são ricos em conservantes e corantes.

E tenha sempre em mãos um filtro solar. Toda a família deve aplicar o protetor nas áreas expostas antes de sair de casa para mais um dia de escola e trabalho.

Material escrito por:
Dermatologista Pediátrica - CRM/SC 10414 | RQE 5948 | RQE 21133

A Dra. Marice Mello dedica-se à pediatria desde a graduação em medicina na UFSC. A médica é especialista em pediatria, pelo Hospital Infantil Joana de Gusmão, e tem especialização em dermatologia pediátrica, pela UFPR. É membro da Society Pediatric Dermatology, da Sociedade Latino-Americana de Dermatologia Pediátrica e da Sociedade Brasileira de Pediatria.   Ver Lattes

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