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Alergia à proteína do leite: aprenda a identificar os sinais

Por: - Dermatologista Pediátrica - CRM/SC 10414 | RQE 5948 | RQE 21133
Publicado em 22/03/2018 - Atualizado 07/02/2019

Algumas crianças podem apresentar alergia à proteína do leite de vaca. Sabemos que o leite é um ingrediente alimentar comum e com relativa importância na cultura dos brasileiros. Sabe-se, também, que ele é uma fonte de proteína, cálcio, magnésio, dentre outros nutrientes essenciais para o bom funcionamento do organismo.

Mas, para algumas crianças, pode ser, também, sinônimo de desconforto, devido à alergia à proteína do leite. A condição pode causar uma série de sintomas nos bebês e nas crianças.

Como a alergia à proteína do leite ocorre?

Qualquer tipo de alergia alimentar é uma reação exacerbada do sistema imunológico a algum componente presente em um alimento ou grupo de alimentos. A alergia à proteína do leite também acontece desta forma.

As principais causadoras desta alergia são as proteínas caseína, alfa-lactoalbumina e beta-lactoglobulina. A reação alérgica, normalmente, está relacionada à imaturidade do sistema digestivo da criança.

Conforme dados da Sociedade Europeia de Gastroenterologia, Hepatologia e Nutrição Pediátrica (ESPGHAN), em nível mundial, cerca de 2% a 3% das crianças com menos de três anos têm alergia à proteína do leite. Apesar de este tipo de alergia ser mais frequente nas crianças menores de quatro anos, ela pode ser desenvolvida por adultos, também.

Principais sintomas da alergia à proteína do leite

A alergia à proteína do leite tem uma extensa lista de sintomas que se manifestam na pele, no sistema digestivo e no sistema respiratório. Conheça as principais:

  • problemas com digestão;
  • perda de apetite;
  • vômitos e regurgitações recorrentes;
  • cólicas fortes;
  • diarreia;
  • sangue nas fezes;
  • intestino preso;
  • coriza, obstrução nasal, chiado no peito;
  • placas vermelhas na pele;
  • inchaço de lábios e pálpebras;
  • dificuldades para ganhar peso;
  • crescimento lento.

Reações à proteína do leite na pele das crianças

Existem diferentes reações alérgicas à proteína do leite que podem se manifestar na pele das crianças. Veja:

Reações mediadas por IgE ou imediatas

Nesse tipo de alergia à proteína do leite, os sintomas aparecem em alguns segundos ou até duas horas após a ingestão do produto lácteo, e a criança normalmente apresenta:

  • urticária (placas vermelhas disseminadas, geralmente com coceira associada);
  • angioedema (inchaço dos lábios e dos olhos);
  • vômitos em jato;
  • diarreia após a ingestão do leite;
  • anafilaxia;
  • choque anafilático;
  • chiado no peito;
  • respiração difícil.

Como nesse tipo de reação ocorre a liberação de IgE (anticorpo), são solicitados testes alérgicos que medem a presença dele no sangue e na pele, como uma forma de auxiliar na investigação diagnóstica. Porém, os exames não concluem o diagnóstico sozinhos e precisam ser analisados junto com a história clínica e a resposta a determinada dieta.

Reações não mediadas por IgE ou tardias

Também denominadas mediadas por células, as reações não mediadas por IgE ou tardias são as reações em que o organismo não produz este tipo específico de anticorpo. Nestes casos, a reação é desencadeada por outras células. O grande diferencial deste tipo de reação alérgica é que os sintomas são tardios, podendo aparecer horas ou dias após a ingestão do leite.

Os sintomas apresentados são:

  • vômitos tardios;
  • diarreia com ou sem muco e com presença de sangue;
  • cólicas;
  • irritabilidade;
  • intestino preso;
  • baixo ganho de peso e crescimento;
  • inflamação do intestino;
  • assadura e/ou fissura perianal.

O diagnóstico, nestes casos, deve ser investigado com base na história clínica, na dieta isenta dos alimentos suspeitos de serem os desencadeadores da alergia, seguida do teste de provocação oral.

Reações mistas da alergia à proteína do leite

Algumas crianças podem apresentar os dois tipos de reações, denominadas como manifestações mistas. Nestes casos, podem surgir sintomas imediatos e tardios à ingestão do leite.

Os sintomas mais comuns observados nas reações mistas são:

  • dermatite atópica moderada ou grave (descamação e ressecamento da pele, com ou sem formação de feridas);
  • asma;
  • refluxo;
  • inflamação do esôfago (esofagite eosinofílica);
  • inflamação do estômago (gastrite eosinofílica);
  • diarreia;
  • vômito e dor abdominal;
  • baixo ganho de peso e crescimento.

Substituições na dieta da criança com alergia

Para os bebês que ainda estão amamentando, é necessário fazer a substituição do leite de vaca por fórmulas especiais. Elas contêm os nutrientes necessários para o desenvolvimento da criança, mas sem a proteína que desencadeia as crises.

Nas crianças maiores, a opção é por uma dieta equilibrada e variada, rica em frutas, cereais e vegetais. Essa dieta é capaz de fornecer proteína e as principais vitaminas e minerais oferecidos pelo leite.

As proteínas, por exemplo, podem ser encontradas nas carnes, mas também na combinação de leguminosas (feijão, grão-de-bico, lentilha, etc.) com grãos integrais, como o arroz. As folhas e os vegetais verde-escuros (couve, brócolis, taioba, escarola, espinafre, mostarda, etc.) são ricas em cálcio, além de outros minerais.

Em algumas receitas, é possível substituir o leite de vaca por leites vegetais, como o leite de coco, de amêndoas, de aveia ou de castanhas. Vários deles podem ser encontrados já prontos no supermercado, mas também é possível fazê-los em casa.

Ao se identificar algum sintoma da alergia à proteína do leite na criança, é preciso marcar uma consulta com um médico especialista. Com a orientação certa e alguns cuidados da família, a criança conseguirá ter uma vida perfeitamente normal.

Material escrito por:
Dermatologista Pediátrica - CRM/SC 10414 | RQE 5948 | RQE 21133

A Dra. Marice Mello dedica-se à pediatria desde a graduação em medicina na UFSC. A médica é especialista em pediatria, pelo Hospital Infantil Joana de Gusmão, e tem especialização em dermatologia pediátrica, pela UFPR. É membro da Society Pediatric Dermatology, da Sociedade Latino-Americana de Dermatologia Pediátrica e da Sociedade Brasileira de Pediatria.   Ver Lattes

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