Blog

Lencinho umedecido: usar ou não usar?

Por: - Dermatologista Pediátrica - CRM/SC 10414 | RQE 5948 | RQE 21133
Publicado em 31/07/2018 - Atualizado 07/02/2019

O lencinho umedecido é uma facilidade que vem tomando conta da vida das mães há muitos anos. Caracteriza-se por um pedaço de tecido não tecido (TNT) que porta grande quantidade de água e outras substâncias. São utilizados para fazer a higiene do bebê, na troca de fraldas, principalmente em ambientes públicos. No entanto, ultimamente, o uso desenfreado do lencinho vem sendo questionado pelos dermatologistas, já que estão sendo diretamente associados a irritações da pele do bebê.

Quais são as substâncias do lencinho umedecido?

Os lencinhos umedecidos são compostos por alguns produtos químicos, além de água. Dessa forma, ao entrar em contato excessivo com a pele do bebê, que é bastante sensível, é possível que haja irritações, como vermelhidão, bolinhas e coceira.

Além de ser utilizado no bumbum, o lenço umedecido pode afetar qualquer parte do corpo em que haja contato. Assim, os lencinhos podem causar dermatites de contato no bebê, além de outras alergias e eczemas mais graves. É possível também que cause sinéquias valvulares nas meninas, ou seja, aderência dos lábios menores da vulva.

Vejamos quais são essas substâncias:

  • componentes químicos que impedem a ferrugem, devido à grande quantidade de água e ao pacote fechado;
  • componentes químicos que impedem o crescimento de bactérias e fungos no lencinho;
  • componentes químicos que dão perfume e fragrância;
  • componentes químicos de ação detergente que resultam em espumas;
  • metilisotiazolinona, caracterizado por um produto químico altamente irritante e direcionado como o principal maléfico do lencinho.

 

Nunca mais devo usar o lencinho?

Na verdade, o uso problemático do lencinho umedecido é o seu uso exagerado. Ao sair com o bebê, o lencinho pode ser útil. Além disso, alguns lenços não possuem o conservante metilisotiazolinona, o que torna o seu uso mais suave, muito embora ainda forneça a agressividade do produto à pele.

O lencinho é indicado apenas para situações emergenciais. Da mesma maneira, esta não é a forma mais higiênica de fazer a limpeza íntima das crianças.

Qual a melhor maneira de fazer a higiene do bebê?

É muito importante se atentar a alguns cuidados da higiene no bebê, após a troca de fraldas:

 

  • a limpeza deve ser feita com água e algodão;
  • quando houver fezes é necessário limpar com água corrente, mas para limpar só a urina, apenas água é suficiente;
  • paninhos molhados também são bastante úteis e inofensivos à saúde do bebê;
  • é importante secar o bebê após a limpeza;
  • o bebê deve ser limpo imediatamente após fazer suas necessidades;

Para higienizar as meninas, é importante redobrar a atenção à limpeza pela proximidade que existe entre a vagina e o ânus, pois pode aumentar o risco de contaminação da uretra com fezes. Por isso, ao realizar a higiene, é recomendado o afastamento cuidadoso dos grandes lábios, além de limpar a área íntima da criança de frente para trás e de cima para baixo.

Outros motivos para substituir o uso do lencinho

Como vimos, o uso do lencinho umedecido pode ser nocivo, principalmente pela composição da substância metilisotiazolinona. O conservante também é usado em produtos de higiene pessoal para adultos, como cosméticos e itens de limpeza do lar.

Assim, o produto que já foi advertido para a saúde dermatológica de adultos só tende a agravar ainda mais quando usado sob a pele sensível dos bebês. Algumas marcas já estão sendo retiradas no mercado, mas é necessário estar atento à composição do produto, caso precise fazer seu uso.

Além disso, o uso consciente do lencinho só tende a ajudar a natureza e o planeta. O tempo de decomposição de um lencinho descartável é absurdamente grande, o que acumulará bastante lixo. Por isso, vamos ser mais conscientes com nossos bebês e o planeta?

Material escrito por:
Dermatologista Pediátrica - CRM/SC 10414 | RQE 5948 | RQE 21133

A Dra. Marice Mello dedica-se à pediatria desde a graduação em medicina na UFSC. A médica é especialista em pediatria, pelo Hospital Infantil Joana de Gusmão, e tem especialização em dermatologia pediátrica, pela UFPR. É membro da Society Pediatric Dermatology, da Sociedade Latino-Americana de Dermatologia Pediátrica e da Sociedade Brasileira de Pediatria.   Ver Lattes

    Inscreva-se em nossa newsletter

    Receba mais informações sobre cuidados para a saúde em seu e-mail.

    Voltar