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Bebê com bronquiolite: saiba por que é importante cuidar

Por: - Dermatologista Pediátrica - CRM/SC 10414 | RQE 5948 | RQE 21133
Publicado em 28/04/2018 - Atualizado 07/02/2019

É muito importante seguir alguns cuidados com a saúde do bebê com bronquiolite. A doença é uma inflamação dos bronquíolos, uma das regiões mais profundas das vias aéreas dos pulmões. A bronquiolite é, habitualmente, causada por uma infecção viral e acomete, principalmente, crianças com menos de dois anos.

Bebê com bronquiolite: como a doença se desenvolve

O ar que inspiramos entra pela boca ou pelo nariz e segue o seguinte trajeto:

  1. faringe;
  2. laringe;
  3. traqueia;
  4. brônquio;
  5. bronquíolo;
  6. alvéolo.

Conforme avançamos ao longo da árvore respiratória, as estruturas vão se tornando cada vez mais ramificadas e finas. Os bronquíolos são a última porção da árvore respiratória antes dos alvéolos, que são as estruturas que entregam o oxigênio para o sangue.

Qualquer processo inflamatório que afete os bronquíolos causa inchaço em suas paredes, fechando a passagem de ar e aumentando a produção de muco dentro das vias aéreas. A bronquiolite se traduz clinicamente por broncoespasmo (chiado no peito) e tosse com expectoração.

Causas e fatores de risco para o surgimento da bronquiolite

A bronquiolite é, normalmente, causada por uma infecção viral. Na maioria dos casos, por um micro-organismo chamado Vírus sincicial respiratório (VSR). Outros vírus também podem ser responsáveis por desencadear os sintomas, como o Rinovírus, o Influenza, o Parainfluenza e o Adenovírus.

A bronquiolite é uma infecção altamente contagiosa, e os bebês com menos de seis meses são as principais vítimas. A transmissão é feita de forma semelhante a qualquer outra virose respiratória, como gripes e resfriados.

O VSR é um vírus muito comum e existe no mundo inteiro. Praticamente todas as crianças terão contato com ele durante a infância. Algumas desenvolvem quadros brandos, semelhantes a resfriados, enquanto outras, geralmente as mais novas, podem ter quadros graves, com necessidade de hospitalização.

Habitualmente, as crianças acima dos dois anos que entram em contato com o VSR não desenvolvem a bronquiolite, apenas um quadro de resfriado simples. É possível se infectar com o Vírus sincicial respiratório mais de uma vez. Porém, em geral, as infecções subsequentes são mais brandas que a infecção inicial, principalmente nas crianças mais velhas.

Os principais fatores de risco para desenvolver bronquiolite são:

  • prematuridade;
  • baixo peso ao nascer;
  • idade inferior a três meses;
  • doença pulmonar, neurológica ou cardíaca prévia;
  • imunodeficiência;
  • fumo passivo;
  • frequentar creche;
  • ter irmãos mais velhos que frequentemente trazem infecções respiratórias para casa;
  • morar em um lugar com muitas pessoas;
  • ambientes frios (o vírus costuma circular com mais facilidade no inverno).

Sintomas do bebê com bronquiolite

O período de incubação do VSR costuma ser de dois a cinco dias. Os primeiros sintomas são inespecíficos, típicos de qualquer resfriado, como coriza, espirros, tosse e febre baixa. Na maioria das crianças, o vírus fica restrito às vias aéreas superiores e o quadro não evolui muito, a partir daí. Nas crianças mais novas, porém, o vírus pode alcançar áreas mais profundas da árvore respiratória, atacando os brônquios e bronquíolos, provocando a bronquiolite.

Na bronquiolite, os sintomas surgem após dois a cinco dias de resfriado, apresentando o seguinte quadro:

  • recusa alimentar;
  • cansaço para mamar;
  • letargia e sonolência;
  • broncoespasmo (chiado no peito);
  • tosse persistente, que pode durar por mais de duas semanas.

Nos casos de bronquiolite grave, a criança pode apresentar:

  • dificuldade respiratória, caracterizada por frequências respiratórias elevadas (geralmente acima de 60 incursões por minuto e uso da musculatura abdominal e intercostal durante a respiração);
  • cianose (ponta dos dedos e lábios arroxeados);
  • rebaixamento do nível de consciência;
  • pausas respiratórias (apneia) de até 20 segundos (observado em crianças menores de dois meses).

Os casos mais graves são aqueles em que o bebê apresenta dificuldade respiratória, principalmente quando há sinais de esforço para respirar.

Tratamento da bronquiolite

Por segurança, todo bebê menor que seis meses, com quadro de infecção respiratória, deve ser avaliado pelo seu pediatra.

Assim como na gripe, não há um tratamento específico para a bronquiolite. Nas casos mais leves, o tratamento pode ser feito em casa, com repouso, antipiréticos e soro nasal. Nebulização com soro também pode ajudar. Caso haja algum grau de broncoespasmo, a nebulização com broncodilatadores é indicada.

Não se deve usar anti-histamínicos, descongestionantes ou antibióticos para tratar bronquiolite.

Os bebês que ainda mamam costumam ficar mais cansados, não conseguindo mamar com a mesma eficiência. Nestes casos, ofereça o peito com mais frequência para que ele mantenha-se sempre bem hidratado e alimentado. E o mais importante: nunca fume perto de uma criança, principalmente durante um quadro de infecção respiratória.

Material escrito por:
Dermatologista Pediátrica - CRM/SC 10414 | RQE 5948 | RQE 21133

A Dra. Marice Mello dedica-se à pediatria desde a graduação em medicina na UFSC. A médica é especialista em pediatria, pelo Hospital Infantil Joana de Gusmão, e tem especialização em dermatologia pediátrica, pela UFPR. É membro da Society Pediatric Dermatology, da Sociedade Latino-Americana de Dermatologia Pediátrica e da Sociedade Brasileira de Pediatria.   Ver Lattes

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